terça-feira, 30 de março de 2010

Recantos


Fotografia: Inês Carmo

quarta-feira, 24 de março de 2010

Pequenos mimos

Fotografia: Inês Carmo
A confusão invade-me. O corpo e alma. Sinto-me cansada. Arrasto-me. Arrasto a cabeça para pensamentos que nem sempre são o melhor para mim. Mas já nem sei como agir. Como deve ser a minha atitude. Parece que tenho uma máscara. Mas tenho tantas dúvidas. Não consigo manter uma postura firme. Não consigo mandar para trás das costas tudo em três tempos. Ainda não consigo adaptar uma postura de indiferença. Tudo acontece tão rápido. Tanto consigo que sejas apenas um que passou e marcou mas passou, como parece que estás tão dentro de mim como dantes. Parece que me confundes a cabeça a toda a hora. Tiras-me do meu corpo em cada momento. Tiras-me a respiração cada vez que inspiro. Desconcentro-me. Não consigo aperceber-me que só caio no mesmo erro outra vez. Faço-me sofrer porque quero. Mas é tão difícil. Torna-se difícil concentrar-me. Porque as memórias permanecem comigo. Estão na minha cabeça, no meu corpo, naqueles lugares e palavras. E por mais que tente, elas vão atormentar-me sempre. Atingem-me nas alturas em que estou mais fraca. Tenho que tentar viver com elas. Arranjar maneira de as arrumar num espaço em mim. E quando tiver a morrer de saudades vou lá dar uma espreitadela. Até lá, acho que tenho que o fazer, pensar por mim, mais forte. Ultrapassar e não esquecer.

sábado, 20 de março de 2010

"superar o céu até a noite não doer mais"

Fotografia: Inês Carmo
"solta-te
como se ainda fosses
um peixe a fugir da morte
e houvesse
por entre os dedos da noite
uma escada
de sereno veneno
por onde pudesses
mentir ao medo
e acordar numa hora
possível de dizer sim
um luminoso sim
e as marés
te olhassem nervosas
como se a palavra
ou o segundo
que tudo pode secar
te roesse a mão nua
e esse fosse
o instante da dor
ou o momento
de partir


deixa
que te durmam nos lábios
os velhos tambores
que te queimem os pés
as nuvens gastas
e que um outro lugar
rompa a areia do tempo
e rasgue o coração
como o céu do deserto
um lugar
que fosse como o ventre
dos sinos
e soasse almas sem lama
olhos sem raiva
que poisassem no mundo
sem o cegar"

Gil T. Sousa
"(...) e ele sabe que nunca se poderá sentar ali sozinho. em nenhum lugar, em nenhuma dimensão se poderá sentar sozinho. porque no perímetro de quem respira… porque o leito por onde corre a respiração de alguém, é que é o chão mais profundo de um ser. é o lugar indizível do seu próprio divino. um espaço que só a água do sonho consegue ocupar. fundo, muito fundo, tão fundo como a eternidade. e é aí que evoluem todos os seres do seu ser, desamarrados do tempo, soltos, demorados como demora o rasto do último beijo no coração de quem ainda perde o que um dia a estrada levou."

Gil T. Sousa
"Gritarás o meu nome em ruas
desertas e a tua voz será
como a do vento sobre a areia:
um som inútil de encontro ao silêncio.

Não responderei ao teu apelo,
embora ardentemente o deseje.
O lugar onde moro é um obscuro
lugar de pedra e mudez:

não há palavras que o alcancem.
gelam-lhe os gritos por fora.
Serei como as areias que escutam
o vento e apenas estremecem.

Gritarás o meu nome em ruas
desertas e a tua voz ouvirá
o próprio som sem entender,
como o vento, o beijo da areia.

Teu grito encontrará somente
a angústia do grito ampliado,
vento e areia. Gritarás o meu
nome em ruas desertas."

Rui Knopfli

Palavras na noite

Continuas igual. Não mudas. Uma vez mais, diante
desta noite que agora cai limpando os teus olhos,
mentes e dispões-te a expressar com palavras
aquilo que não encontra forma e escapa ao pensamento:
esta emoção que brota dentro de ti e consome
toda a tua vida, pura como um papel que arde.

E ainda que não ignores ser um trabalho inútil
deixar aqui rendida uma recordação desta noite,
que tudo isto, que agora parece eterno, acaba
sem que um poema, um gesto, o condene ou salve,

continuas igual, não mudas: sem vaidade, com medo,
vais selando a sua morte, até que chegue a alba.

José Mateos

Podemos encontrar esperança em pequenos recantos!

Fotografia: Inês Carmo

Pequenas luzes no escuro..

Fotografia: Inês Carmo
"Pra voce guardei o amor que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar sentir
Sem conseguir provar, sem entregar e repartir (...)
Vou nascer de novo (...)
Guardei sem ter porque
Nem por razão ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Para ter um jeito meu de me mostrar
Achei, vendo em você explicação, nehuma isso requer
Se o coração bater forte e arder, no fogo o gelo vai queimar."

Nando Reis e Ana Cañas
Não consigo explicar nem perceber o que sinto. Acho que posso dizer que é inútil. Sinto-me inútil. Estou fora daqui, fora do meu corpo, fora da minha cabeça. Perdida por aí. Pergunto-me porque insistes em falar-me? Não percebes que dói? Porque é que só vês o teu sofrimento? Não consegues perceber que me estou a recompor? A tentar construir do zero, recomeçar, e que a tua voz e presença só me faz cair novamente? Deixa-me! Solta-me! Deixa-me ir, seguir em frente. Por favor. Gosto de te ver feliz, juro. Mas deixa-me tentar sê-lo também. (...) Preciso de respostas, não as consigo encontrar, por mais que tente. Ilumina-me, estou farta de andar no escuro. Tenho medo de cada passo. Não vale a pena escrever. As linhas estão escondidas, as palavras não fazem sentido, estão desligadas, são inseguras e inúteis. Estou vazia. Sinto-me acabada. É uma despedida. Adeus. FIM.
"Não amamos quem queremos, como queremos e porque queremos. Amamos como podemos, e muitas vezes contra a nossa vontade, remando contra todas as marés, envoltos no mistério de uma escolha que não é feita por nós, mas por uma força que nos é superior (...)"
Margarida Rebelo Pinto

terça-feira, 16 de março de 2010

domingo, 14 de março de 2010

Um beijo

Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto....

Olavo Bilac

sábado, 13 de março de 2010

Dias ..

Fotografia: Inês Carmo

quinta-feira, 11 de março de 2010

Novidade


Fotografia: Inês Carmo

segunda-feira, 8 de março de 2010

Eu tento respirar mas sinto que não tenho ar nos pulmões. Tento escalar montanhas mas a cada passo que dou há um pé que insiste em fugir-me. Tento chegar ao céu mas apercebo-me que não tenho asas. Quando o sol parece que voltou a brilhar há uma nuvem que o tapa. E as nuvens continuam sempre a vir. E volto a ter uma recaída. Não consigo ver o céu limpo. Vêm-me à cabeça memórias que insistem em fazer o meu coração bater mais rápido e a respiração ser irregular. Tudo falha quando as palavras parecem desligadas. Preciso de segurança e não a consigo encontrar. Tento ter os pés assentes no chão mas ele está torto e eu estou sempre a deparar-me com buracos. O mundo parece diferente aos meus olhos. Desiludiu-me e eu não consigo fazer nada para o fazer brilhar novamente. Mas eu juro que estou a tentar, a cada passo que dou.

domingo, 7 de março de 2010

"Não pares, não pares de tentar, não pares de acreditar, continua. Procura inspiração e transpiração, procura o novo, reinventa o velho, não pares. Não deixes a meio, não fiques pelo caminho. Chega em primeiro, chega em último. Mas não fiques para trás. Parar é parar de viver. Não pares de ouvir musica, não pares de a dançar. Não desistas: de olhar, de sentir, de te comprometeres e de te contradizeres, de errares e remendares. Não pares de te iludir e desiludir, não pares de correr, ser criança, de crescer. Não pares de ler, de decifrar as letras pequeninas, de ver as entrelinhas, de entender o mundo onde vives. Continua a andar, a assobiar e a tropeçar, a perseguir e a prosseguir, não pares de questionar, não pares de exclamar. Não pares, vai mais longe, mais longe do que julgavas ser capaz."
"Meus pés não tocam mais o chão
Meus olhos não vêem a minha direção
Da minha boca saem coisas sem sentido
Você era o meu farol e hoje estou perdido
O sofrimento vem à noite sem pudor
Somente o sono ameniza a minha dor
Mas e depois? E quando o dia clarear?
Quero viver do teu sorriso, teu olhar
Eu corro pro mar pra não lembrar você
E o vento me traz o que eu quero esquecer
Entre os soluços do meu choro eu tento te explicar
Nos teus braços é o meu lugar
Contemplando as estrelas, minha solidão
Aperta forte o peito, é mais que uma emoção
Esqueci do meu orgulho pra você voltar
Permaneço sem amor, sem luz, sem ar
Perdi o jogo, e tive que te ver partir
E a minha alma, sem motivo pra existir
Já não suporto esse vazio quero me entregar
Ter você pra nunca mais nos separar
Você é o encaixe perfeito do meu coração
O teu sorriso é chama da minha paixão
Mas é fria a madrugada sem você aqui,
Só com você no pensamento"

D'Black - Sem ar
Sinto-me distante. Sinto que tudo já se foi desgastando com o tempo e o silêncio. Acho que de certa forma é bom. Ainda me vêm à cabeça memórias, naturalmente, mas devido à sequência dos acontecimentos parece tudo muito mais fácil. Realmente foram apenas uns dias da minha vida e é indescritível o sofrimento que passei e luto por ultrapassar se foram umas horas. Horas que parece que conseguiste tornar em anos. Pensarei que foi bom enquanto durou. Mas prefiro lembrar-me daquelas escassas horas e não de todos aqueles dias de silêncio, da minha espera martirizante, do que tenho vindo a passar. Aconteceu, sim, e tornou-me mais forte. Sinto que vou ter que passar por muito mais ainda e talvez não seja nada comparado. A fraqueza atinge-nos a todos numa certa altura. Ajudaste-me nisto, de certa forma. A ficar mais atenta. Agora estou com três pés atrás. Estou preparada e com medo. Medo mas agora sei que já não estou tão sozinha de certa forma. Sei que tenho quem me espante os meus monstros e inseguranças. Falhei mas vou recuperar. Todos erramos. Sinto-me melhor. Sinto que alguns cacos se estão a colar com a cola de todo o amor que recebo das amizades que me fazem aguentar, viver e lutar. E é para isso que aqui estou. E se for por vocês vou lutar. Lutarei até ao fim, tal como lutaram comigo. E sabes que mais? Obrigada. Obrigada por me teres aberto ainda mais os olhos. Mas, sinceramente desceste, estás mesmo cá em baixo apesar de ainda permaneceres no meu coração. Mas acredita que de uma maneira muito diferente. É bom sentir que nunca alcançaste o que eles alcançaram. Assim as feridas expostas vão começar a ser apenas internas e também essas vão sarar. Foi importante mas tem que se conseguir saber quando acaba e temos que saber aceitar. E já me estou a mentalizar. Estou diferente.

"Mas é preciso morrer e nascer de novo, semear no pó e voltar a colher. Há que ser trigo, depois ser restolho. Há que penar para aprender a viver. E a vida não é existir sem mais nada. A vida não é dia sim, dia não. É feita em cada entrega alucinada, para receber daquilo que aumenta o coração."

Mafalda Veiga - Restolho

terça-feira, 2 de março de 2010

Tenho os olhos fechados e a cabeça pesada. Sinto esta leve brisa na cara que suaviza os meus pensamentos e tira-me deste corpo. Agora os pensamentos parecem miragens. Acho que a estrada agora se vê, a vista ficou clara mas neste momento parece infinita. Será que a vou conseguir caminhar? Se me perder arranjo maneira de me encontrar... O mundo é um momento e cada momento é uma vida. E são estes momentos que me fazem pensar que é mesmo isto. Faz parte. Aconteceu, e depois? Acabou, e? Agora vai aparecer algo novo e serei feliz e completa na mesma. Pode ser ainda maior a emoção. Posso ficar perdida para sempre e não me vou importar. Encontrar me-ás. Encontra-me!

segunda-feira, 1 de março de 2010

"Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis. Já fiz coisas por impulso, já me decepcionei com pessoas que pensei nunca me decepcionar, mas também já decepcionei alguém. Já abraçei para proteger, já ri quando não podia, e fiz amigos eternos. Já gritei e saltei de tanta felicidade, já vivi de amor e fiz juras eternas, magoei-me muitas vezes. Já chorei a ouvir musica e a ver fotografias, já liguei só para ouvir uma voz, apaixonei-me por um sorriso. Já pensei que fosse morrer de tantas saudades, e tive medo de perder alguém especial. Mas vivi, e ainda vivo. Não passo simplesmente pela vida."
Sinto que morri por dentro. Sinto-me arrasada. Sinto que estou partida em pedaços e que eles se espalharam por aí. Sinto-me de rastos. Hoje percebi tudo. Obrigada. Ideias erradas, não consigo jamais encontrar tal confiança. Tenho medo. Tenho medo de tudo agora, de falhar, de perder, de cair novamente. Sinto que fui com o vento e com o mar, sinto que as folhas me levaram. Sinto-me inundada de mágoas. Estou no chão sem conseguir encontrar forças para me levantar. Não encontro ninguém. Estou só. Sinto-me destruída. Vozes na minha cabeça persistem em perguntar porquê. Mas já não quero uma resposta. Como foi possível tal desilusão? Como me enganei de tal maneira? Não consigo encontrar segurança nem conforto. Agora tudo faz sentido. Acabou sim. Foi o fim. Cheguei ao fim da linha, já não há nada a percorrer. Estou perdida. Perdida em mim própria, no meu corpo. Já não me sinto em mim. Como te dei o meu coração acho que estou vazia. O meu corpo é pesado, é como se me arrastasse. A minha cabeça gira a mil à hora, entretanto parece parada. Parece que o mundo me passa pelos olhos sem me afectar. Porque já nada importa, não agora. Tudo perdeu o sentido. Nada faz sentido, não há nexo. Os gestos mais simples perderam a lógica, tudo parece uma obrigação. Já não consigo esboçar um sorriso verdadeiro. Parece que as lágrimas vão derramar pela minha cara a qualquer segundo. E são tantas ... É preciso um esforço tão grande ... E já não sei se tenho forças, desisto. Novamente. Mas agora não há volta a dar. Foi de vez. Um ponto Final. Não tenho mais forças para lutar. Ficarei no chão. Hoje e parece que por mais uns bons pares de dias. Ficarei.